Em algumas localidades
portuguesas, no dia 1 de novembro, Dia de Todos-os-Santos, as crianças saem
à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão por Deus (ou o bolinho) de porta em porta.
O dia de Pão por Deus era o dia em que antigamente se oferecia pão,
bolos, vinho e outros alimentos aos mortos, de forma a pedir pela sua alma.
No
dia 1 de novembro, as crianças (e também adultos, embora poucos) que participavam/participam
nos peditórios representavam/representam as almas dos mortos que «nesse dia
erram pelo mundo», tendo sido essa a origem deste ritual cristão.
Sacos do Pão por Deus
Fazer
sacos do Pão por Deus é uma tradição associada à própria tradição. Normalmente
estes sacos são feitos de tecido e as crianças podem decorá-los ao seu próprio
gosto.
Versos de Pão por Deus
Quando
pedem o Pão por Deus, as crianças recitam versos e recebem como oferenda
pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, tremoços,
amêndoas ou castanhas, que colocam dentro dos seus sacos de pano, de
retalhos ou de borlas.
São vários os versos para pedir o Pão por Deus:
Ó tia, dá Pão-por-Deus?
Se o não tem Dê-lho Deus!
Ou então:
Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus.
Em algumas povoações da Zona
Centro e Estremadura chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do
Bolinho’. Os bolinhos típicos são especialmente confecionados para este dia,
sendo feitos com base de farinha e erva-doce com mel (noutros locais leva
batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes. São chamados
“Santorinhos”. É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem
um Santorinho aos seus afilhados.
Receita
do Bolo Santoro
Ingredientes:
1kg de batata cozida.
1kg de farinha.
4 ovos.
750 gramas de açúcar.
150 gramas de manteiga.
Canela.
Fermento.
Frutos secos.
Erva-doce.
Preparação:
É só misturar, fazer pequenas
bolinhas, colocar no forno e quando estiver cozido e ligeiramente tostado, está
pronto.
Exemplos de Pão de Deus pelo país:
Em
Barqueiros, concelho de Mesão Frio, à meia-noite do dia 1 para 2 de novembro,
arranjava-se uma mesa com castanhas para os parentes já falecidos comerem
durante a noite, “não devendo depois ninguém tocar nessa comida, porque ela
ficava babada dos mortos”.
Na
aldeia de Vila Nova de Monsarros, as crianças faziam os “santórios”, recebiam
fruta e bolos e cada criança transportava uma abóbora oca com figura de cara,
com uma vela dentro.
“Em
Roriz não se chama Pão por Deus, nem bolinhos, nem santoros a comezaina que se
dá aos rapazes no dia de Todos os Santos ou de Finados. O que os rapazes vão
pedir por portas, segundo lá dizem, é — os fíeis de Deus.”
Nos Açores dão-se “caspiadas” às
crianças durante o peditório, bolos com o formato do topo de uma caveira,
claramente um manjar ritual do culto dos mortos.
Esta atividade é também realizada
nos arredores de Lisboa. Antigamente relembrava a algumas pessoas o que
aconteceu no dia 1 de novembro de 1755, aquando do terramoto de Lisboa, em que
as pessoas que viram todos os seus bens serem destruídos na catástrofe, tiveram
que pedir “pão-por-deus” nas localidades vizinhas que não tinham sofrido danos.
Com o passar do tempo, o Pão por
Deus sofreu algumas alterações, e os meninos que batem de porta em porta podem
receber dinheiro, rebuçados ou chocolates.
Informação retirada do site pumpkin.pt
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